Lúcia




Portalegre, Março de 2015

Tenho um pé de lúcia-lima que comprei há uns oito anos, envasado, pequenino. Cresceu, mudei-o para um vaso maior, fez-se bonito. Um Verão em que estive fora cerca de um mês e o deixei entregue ao calor alentejano, secou. Quando voltei, tinham-mo atirado para um canto: "morreu, é para deitar fora". Achei-o bonito, mesmo assim, com os galhos secos, parecia um esqueleto de bonsai. Recoloquei-o no lugar e deixei-o ficar a enfeitar-me a varanda. Na Primavera, rebentou, encheu-se de folhas em galhas compridas, que cortei, sequei e usei para chá. Mudei-o para um vaso ainda maior e ele continuou a crescer. Passaram-se os anos e houve chá para a família, amigos e vizinhos. Mas aquele vaso grande, com tanta terra disponível, tornou-se apetecível para todo o tipo de experiências agrícolas. No fim, o pé de lúcia-lima teve de partilhar o seu espaço vital com dois abacateiros, três nespereiras e um Aloe vera. No último ano, foi ofuscado pelas restantes árvores, que, de tão grandes que já estavam, lhe roubavam terra e luz. Então, resolvi mudá-lo, no início do Outono. Parti o vaso, encaminhei as árvores para o monte (onde, ao que me contam, estão de boa saúde), arranjei outro vaso para o aloé (que ainda não recuperou a boa forma que tinha) e pus o pé de lúcia-lima, bem podado, num vaso grande. Definhou, o tronco ressequiu, revestiu-se de uma cor esverdeada de musgo, temi o pior. Ontem, notei os primeiros rebentos, hoje estava assim. No Inverno, vai haver chá.

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